Objetivos

Este blog faz parte do projeto de monitoria "Saber com sabor: o uso de recursos áudio-visuais e digitais no ensino de Literatura Alemã", coordenado pela Prof.ª Susana Kampff Lages, para as disciplinas da área de Literatura do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Letras - Português/Alemão da Universidade Federal Fluminense. O blog tem como objetivo principal ser uma ferramenta de apoio no processo de ensino/aprendizagem dessas disciplinas. Imagens fotográficas e de obras de arte, trechos de peças de música clássica ou popular, trechos de filmes, trechos de obras literárias ou de crítica, traduções e outros materiais pertinentes à cultura literária alemã e aos temas tratados em aula poderão ser postados por estudantes e professores. O blog tende a ser um lugar tanto de diálogo entre docentes e estudantes, quanto de ajuda mútua entre os próprios estudantes, que assim podem trocar experiências de leitura e estudo.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Heine por Gabriel Alonso

        Divulgação de trabalhos de estudantes de Letras - Alemão da UFF


  Para quem gosta de Heinrich Heine, aqui está uma excelente tradução de um poema.
Boa leitura!




Tradução de um poema de Heine – comentário e análise
por Gabriel Alonso



                                                     Meinen schönsten Liebesantrag
                                                    Suchst du ängstlich zu verneinen;
                                                    Frag’ ich dann: ob das ein Korb sey?
                                                   Fängst du plötzlich an zu weinen.

                                                   Selten bet’ ich, drum erhör’ mich,
                                                  Lieber Gott! Hilf dieser Dirne,
                                                  Trockne ihre süßen Thränen
                                                 Und erleuchte ihr Gehirne.

                                                 Tu procuras me negar
                                                 meu pedido, lido a cor.
                                                 E começas a chorar,
                                                “É um toco?” digo eu só.
 
                                                Nunca rezo, então me escuta,
                                                ó Senhor! ajuda a moça.
                                                Ao seu cérebro dá cura,
                                                seca as lágrimas, a poça.

Neue Gedichte, Verschiedene, Clarisse, 1. Trata-se de um poema sentimental-irônico de Heine. A temática básica é a da negação de uma proposta de casamento, à qual o poeta dá um tratamento irônico, como que, ao mesmo tempo, questionando a seriedade do sentimento. A rima de Dirne com Gehirne e a atitude zombeteira frente a Deus são os dois pontos fortes da ironia e servirão de pontapé para a análise.
Dirne poderia ser bem traduzido por rapariga, no duplo sentido de moça/ adolescente do sexo feminino (as duas primeiras entradas no Aurélio) e concubina/ meretriz (as duas últimas entradas no mesmo dicionário). O DWB (Deutsches Wörterbuch) dos Grimm dá, como primeira entrada, virgem, moça (na Idade Média, inclusive, um nome para Nossa Senhora) e, como última, prostituta, meretriz, sentido que é o único sobrevivente hoje. A rima com um objeto tão pouco amoroso como Gehirne (cérebro), ainda mais como última palavra do poema, acaba por quebrar essa aura positiva. Não custa lembrar que a estrutura simétrica trockne/ erleuchte (seca!/ ilumina!; na trad. seca/ dá cura) – süßen Thränen/ Gehirne (doces lágrimas/ cérebro; na trad. lágrimas/ cérebro) em
                Trockne ihre süßen Tränen
                Und erleuchte ihr Gehirne.”
reforça ainda mais o contraste entre delicadeza espiritual (também erleuchten tem forte conotação religiosa) e materialidade crua, quase científica.
A atitude de se aproveitar de bondade de Deus, usando como justificativa o fato de nunca rezar – a partícula d’rum (traduzida por então) dá essa conotação de “causa/ conclusão” –, é, entretanto, o primeiro indício da ironia no texto. Esse posicionamento cético é tipicamente heineano. Vide, por exemplo, o poema 35 da Heimkehr, no Buch der Lieder, ou as Schöpfungslieder, no mesmo Neue Gedichte, canções de profunda implicação poetológica. O tom popularesco das apócopes e de uma síncope (bet’ por bete, d’rum por darum e erhör por erhöre), além disso, contrastam com o tom elevado do mais bonito pedido de amor (meinen schönsten Liebesantrag), aqui traduzido por lido a cor.[1]
Sobre a tradução, por sinal, procurei dar relevo aos aspectos sonoros e ao efeito geral do poema. Se o texto-fonte foi composto em tetrâmetros trocaicos (– . – . – . – .), utilizei-me da redondilha maior, também de tom popularesco[2], com acentos também regulares (3–7). Trata-se de um aspecto importante, já que essa simplicidade de tom espelha a atmosfera sentimental, e que, no contraste com a reação do eu lírico, confere mais intensidade à ironia. As rimas no esquema ABCB foram transformadas em consoantes ABAB – com dois pequenos deslizes toantes: cor/ e escuta/ cura – porque, no português, possuem mais sonoridade do que teria o equivalente alemão. Deve-se lembrar que a força dos acentos nas línguas germânicas – que justifica a contagem métrica dita acentual, frente à silábica nas línguas latinas – já por si faz prescindir, em parte, da rima, por conta da musicalidade cadente.
Com relação a decisões pontuais de tradução, a mais marcante é, com certeza, “é um toco?”. Essa foi uma maneira sincrônica, atual – e desviante – de traduzir a expressão secular einen Korb geben/ bekommen (literalmente, dar/ receber uma cesta), que quer dizer rejeitar um pedido amoroso ou de casamento.[3] Minha opção procurou rejuvenescer o texto heineano. Cito Berman (2002: 122): “Arrancado de seu solo, o poema corre o risco de perder seu frescor. Mas o tradutor o coloca na taça da fresca de sua própria língua e ele floresce de novo, como se ainda estivesse sobre o solo materno”. Se se traduz por sobre o Tempo para um determinado tempo, tal escolha se justifica por si própria. Ela possui, entretanto, outras razões teóricas e práticas.
A primeira, com Venuti (1995), que defende a tradução como estrangeirização, como “pressão etnodesviante” (VENUTI, 1995: 20; trad. minha) nos valores (e na língua!) da cultura receptora. É na marca, na cicatriz – para usar a metáfora cirúrgica de Britto (2012: 38) – que se mostra a presença tradutória, a intervenção textual, os percursos da “grande viagem” interlinguística.
A razão prática, por sua vez, está em Vallias (2011: 33), que traduziu 120 poemas heineanos “almejando um tom coloquial com pátina – porém sem poeira ou teia de aranha”. Seus textos dão a lume, no tempo de hoje, um Heine palhaço, bobalhão, altamente moderno, um Heine que faz jus à sua própria poética e usa a fantasia[4] como bobo da corte (“Als Hofnarr [diene dir] meine Phantasie”, Die Nordsee, 1er Zyklus, 1 – Krönung).
Com a mesma visada etnodesviante – e também por efeitos métricos –, justifico o uso de lido a cor por lido de cor. Aí se revela a língua-outra, forçando a estrutura interna da língua-própria. Com relação a essa construção, o “desvio” de sentido não é total, na medida em que o tom de importância pomposa reforça a ironia. Além do mais, o fato de se ler o pedido pode evocar outros sentidos – mais modernos – de Antrag: requerimento, formulário, petição. E – não custa lembrar – toda leitura, mesmo a do “original”, faz-se no tempo (presente).
Por fim, as inversões finais – cérebro no penúltimo verso, poça depois de lágrimas –, como também a do quarto verso (digo eu só por logo que digo) foram constrições do sistema rítmico/ rímico. Se enfraquecem a ironia final, esta vê-se, entretanto, compensada em outros pontos. O resultado final, acreditamos, não é de todo ruim. Mas se trata – obviamente – de um work in progress, cuja tendência é, para jogar com uma phrase de nossos dias, agregar valor (semântico, histórico, etc.).

Gabriel Alonso é estudante de Letras–Português/ Alemão na Universidade Federal Fluminense (UFF). Durante dois anos, desenvolveu pesquisa, com financiamento da UFF, sobre as traduções de Heinrich Heine no Brasil, sob a orientação da profa. Susana K. Lages. O texto aqui redigido resulta de um trabalho experimental de tradução.

Bibliografia:
Em livros:
BARRENTO, João. O Poço de Babel: para um poética da tradução literária. Lisboa: Relógio d’Água, 2002.
BERMAN, Antoine. A prova do estrangeiro: cultura e tradução na Alemanha romãntica. Trad. Maria Emília Pereira Chanut. Bauru: EDUSC, 2002.
BRITTO, Paulo Henriques. A tradução literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.
CAMPOS, Haroldo de. Transluciferação mefistofáustica. In: ______________. Deus e o Diabo no Fausto de Goethe. São Paulo: Perspectiva, 1981, pp. 178-209.
VALLIAS, André. Heine, hein?: poeta dos contrários. São Paulo: Perspectiva/ Goethe-Institut, 2011.
VENUTI, Lawrence. The Translator’s Invisibility: A History of Translation. London/ New York: Routledge, 1995.
Em sites:
DWB. Disponível em: http://woerterbuchnetz.de/DWB (acesso em 20/11/2013).
HEINE, Heinrich. Neue Gedichte. Düsseldorfer Heine Ausgabe. Hamburg: Hoffmann und Campe, 1983.


[1] Sobre erhören, o DWB dá: 1) perceber com o ouvido, audire e 2) preces admittere, exorari, i.e. com o sentido – que é o atual – de atender a um pedido (Bitte, relacionado etimologicamente a beten). É o imperativo usado na liturgia e na Bíblia para pedir a Deus: Wir bitten dich, erhöre uns! (Nós vos pedimos, atendei a nossa prece!). Nossa escolha baseou-se na rima.
[2] V. Barrento (2002: 42): “quatro versos originais com quatro pés trocaicos cada (um pé métrico mais vivo do que o jambo, mais habitual na poesia de raiz popular)”.
[3] Reler o passado em modo sincrônico: “de certo modo, isso é inevitável, pois se a tradução é uma leitura da tradição, só aquela ingênua e não crítica – que se confine ao museológico [...] recusar-se-á ao ‘salto tigrino’ (W. Benjamin) do sincrônico sobre o diacrônico” (CAMPOS, 1981: 188).
[4] DWB, 1a: die schöpferische, besonders dichterische einbildungskraft – a imaginação criadora, especialmente poética.
 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Histórias em quadrinhos alemãs

   Histórias em quadrinhos sempre agradaram leitores de todas as idades, inclusive crianças. E na Alemanha não é diferente.

   Começarei com o livro Der Struwwelpeter, de Heinrich Hoffmann. 
   O livro foi escrito para seu filho de 3 anos, em  1844.  As histórias podem aparecer um pouco assustadoras por se tratar de um livro infantil, mas particularmente as acho muito engraçadas.
    O livro possui inúmeras traduções, inclusive para os vários dialetos alemães. 

  Nesse site também é possível ouvir  e ler as histórias.

  E neste site também é possível lê-la: http://gutenberg.spiegel.de/buch/3070/1

 E aqui, para saber a biografia do autor e mais algumas de suas obras: http://gutenberg.spiegel.de/autor/281

  E mais um vídeo interessante (em alemão) http://www.dw.de/popups/mediaplayer/contentId_4335678_mediaId_4322381  
   
      Assim como uma reportagem também muito interessante: http://www.dw.de/sieh-einmal-hier-steht-er/a-4321686

  Eu não sabia, mas também há um filme: http://www.youtube.com/watch?v=cpsC5hE4tLc

 
Em português, Struwwelpeter é conhecido como João Felpudo
  














   Já o livro Max und Moritz, de Wilhelm Busch, escrito em 1865, conta a história desses dois meninos levados.

  Quem quiser ler a história em alemão, aqui está o site: http://gutenberg.spiegel.de/buch/4137/1

 
  Para quem quiser lê-la em português, é só procurar a tradução feita por Olavo Bilac.















  Aqui vocês podem ler um pouco mais sobre o autor, além de suas outras obras : http://gutenberg.spiegel.de/autor/88

 Outras reportagens interessantes sobre a obra e o autor (em alemão e em português) estão aqui:


  Espero que tenham se interessado por essas histórias. Boa leitura e depois comentem dizendo quais são suas prediletas!

Joyce

sábado, 19 de outubro de 2013



Como o assunto é Goethe.....


   Por onde ele passou, deixou sua marca. As pessoas fizeram questão de deixar placas, seja em pensões, restaurantes, para mostrar que Goethe já visitou o lugar.

Selecionei algumas fotos:



   Essa foto é de Zurique, na Suíça.  Goethe visitou esse lugar com o duque de Weimar Karl August em 1779


 Essa foto foi tirada em Ilmenau, no estado de Thüringen, na Alemanha.





 Essa foto foi tirada em Tübingen, no estado de Baden Württemberg, na Alemanha. Lugar onde Goethe ficou hospedado de 7 a 16 de Setembro de 1797.



Essa foto também foi tirada em Tübingen. Segundo a história, Goethe não teria gostado da cidade.
 Essa é, para mim, a foto mais engraçada. Em vez de estar escrito "Hier wohnte Goethe" (Aqui Goethe ficou hospedado), escreveram "Hier kotzte Goethe" (aqui vomitou Goethe). Talvez ele realmente não tenha gostado da cidade....

sexta-feira, 18 de outubro de 2013



                            Agenda Acadêmica UFF

  Venho, por meio deste post, convidá-los para as apresentações da Agenda Acadêmica na Universidade Federal Fluminense, de 21 a 25 de Outubro.
  Serão apresentados trabalhos de iniciação científica e de monitoria.
  Há várias pesquisas em relação à língua e cultura alemã. Para quem se interessar, aqui vão os horários e locais das apresentações dessas pesquisas:

Iniciação científica:

Dia 21 de Outubro
Gabriel - sala 502 Bloco A às 10:30
Marina- sala 504 Bloco A às 09:30

Monitoria:

Dia 21 de Outubro 

Joyce e Thaís - sala 505 Bloco C às 14h 


A segunda fase será dia 23 de Outubro. Definidos os horários e locais, publicarei um novo post.


Nos vemos lá!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

                                                                        Hallo!

   Nessa postagem, falarei um pouco sobre algumas mulheres da literatura alemã. 
  Embora antigamente não tenham recebido devida importância ou reconhecimento, não somente na literatura alemã, as escritoras vêm ganhando maior atenção. Destaque para a escritora Herta Müller, que em 2009 recebeu o prêmio máximo da literatura, o Nobel de Literatura.

   Selecionei quatro escritoras, vamos conhecê-las melhor?



           Hildegard von Bingen 

  1098 em Bermersheim vor der Höhe ou em Niederhosenbach  
† 17 de Setembro de 1179 no  Kloster Rupertsberg bei Bingen am Rhein




   Além de escritora, Hildergard von Bingen era teóloga, poetisa, compositora e monja beneditina. Em 1584 foi canonizada, Santa Hildegarda de Bingen.
   10ª filha de Hildebert e Mechtild, ela teve contato cedo com a religião e com oito anos passa a viver em um mosteiro beneditino.
    É interessante observar que, apesar da época em que vivia, na qual as mulheres não tinham voz, Hildegard teve uma grande produção, além de ser respeitada e reconhecida por muitos em sua época.
    Em Eibigen, na Alemanha, há a igreja deSanta Hildergard, padroeira dos músicos.
    Suas obras tratam de religião, medicina, música, ética e misticismo. Entre suas obras estão:
  • Sua trilogia teológica: Ordo virtutum, Liber vitae meritorum e Liber divinorum operum
  • Ciências naturais: Liber subtilitatum diversarum naturarum creaturarum e Liber simplicis medicinae oder Physica
  • Música: Symphonia armonie celestium revelationum , Ordo virtutum, Litterae ignotae e Língua ignota   
   E mais inúmeros textos como cartas e textos de temática mística.  
  
 Para ler algumas de suas obras e sua biografia em alemão, acesse:  http://gutenberg.spiegel.de/autor/275 
 
 


           Rahel Varnhagen von Ense

  19 de Maio de 1771 em Berlim
   † 17 de Março de 1833 em Berlim
   



   
     Escritora de origem judia e proprietária de um salão literário, Rachel, cujo nome de solteira era Levin, é a filha mais velha de Markus Levin e  Chaie Levin.
   Em 27 de Setembro se casa com o diplomata Karl August Varnhagen von Ense, 14 anos mais novo. 
   Ela e seu marido visitam Goethe algumas vezes em Weimar. Goethe escreve sobre ela: "Ja, es ist ein liebevolles Mädchen; sie ist stark in ihren Empfindungen und doch leicht in ihrer Äußerung. Jenes gibt ihr eine hohe Bedeutung, dies macht sie angenehm. Jenes macht, dass wir an ihr die große Originalität bewundern, und dies, dass diese Originalität liebenswürdig wird, dass sie uns gefällt ... Sie ist, soweit ich sie kenne, in jedem Augenblick sich gleich, immer in einer eignen Art bewegt und doch ruhig – kurz, sie ist, was ich eine schöne Seele nennen möchte."   
   Entre suas obras estão:
  • Tagebuch, Aphorismus und Brief,  além de cerca de 600 cartas trocadas com pessoas como David Veit, Konrad Engelbert Oelsner, Pauline Wiesel e Astolphe de Custine.
   Há também uma grande bibliografia sobre ela, incluindo sua biografia, escrita por Hannah Arendt.
  
   Para ler algumas de suas obras e sua biografia em alemão, acesse: http://gutenberg.spiegel.de/autor/605

  
 

   
             Dorothea Schlegel

  24 de Outubro de 1764 em Berlim
   †  3 de Agosto de 1839 em Frankfurt am Main




   Filha do filósofo Moses Mendelssohn e de Fromet Mendelssohn, era escritora e crítica literária. Seu nome de batismo era Dorothea Brendel Mendelssohn. 
   Em 1783, após quatro anos de noivado, casa-se ao 18 anos com o empresário Simon Veit, com quem tem quatro filhos, mas dois sobrevivem: Philipp e Jonas Veit. Por isso também é conhecida como Dorothea Veit. Ela pede o divórcio em 11 de janeiro de 1799, após conhecer Friedrich Schlegel. 
   Muda-se, um tempo após, com Friedrich, seu irmão August Wilhelm Schlegel e sua esposa Caroline para Jena, onde com Novalis, Tieck e Schelling, criam um centro de romantismo literário, conhecido como os românticos de Jena.
   Entre suas obras estão:
  • Florentin,  1801
  • Gespräch über die neueren Romane der Französinnen
  • Geschichte des Zauberers Merlin, 1804
   Além de fragmentos na revista Athenäum.  Para ler algumas de suas obras e sua biografia em alemão, acesse: http://gutenberg.spiegel.de/autor/953



    Herta Müller 
  
 17 de Agosto de 1953 em Nitzkydorf, Romênia
 
    

   
   Escritora, poeta e ensaísta, Herta Müller, cuja família pertence a uma minoria alemã na Romênia, somente aprendeu romeno aos 15 anos de idade.
  Ainda jovem, foi perseguida pelo governo de Nicolae Ceausescu ao recusar-se a colaborar com o serviço secreto e precisou mudar-se para a Alemanha, onde vive desde 1987. A ditadura e suas consequências é um tema muito presente em sua obra.
  Em 2009 recebe o prêmio Nobel de Literatura.
   Entre suas obras estão:
  • Niederungen, (1982); 
  • Drückender Tango, (1984).
  • Der Mensch ist ein großer Fasan auf der Welt,  (1986).
  • Barfüßiger Februar,  (1987).
  • Reisende auf einem Bein,  (1989).
  • Wie Wahrnehmung sich erfindet, (1990).
  • Der Teufel sitzt im Spiegel, (1991).
  • Der Fuchs war damals schon der Jäger, (1992).
  • Eine warme Kartoffel ist ein warmes Bett,  (1992).
  • Der Wächter nimmt seinen Kamm,  (1993).
  • Angekommen wie nicht da,  (1994).
  • Hunger und Seide,  (1995)
  • Heute wär ich mir lieber nicht begegnet, (1997).
  • Im Haarknoten wohnt eine Dame,  (2000).
  • Heimat ist das, was gesprochen wird, Blieskastel (2001).
  • Die blassen Herren mit den Mokkatassen,  (2005).
  • Este sau nu este Ion, (2005).
  • Atemschaukel,  (2009).         
   Incluindo algumas traduções para o português.

terça-feira, 13 de agosto de 2013








 Dica de leitura da Professora Susana Kampff
 

Romance vigoroso de Fontane joga luz sobre a submissão da figura feminina na sociedade alemã do século XIX

Obra de 1894 integra o calendário de lançamentos da Estação Liberdade no âmbito da Temporada Alemanha + Brasil 2013-2014

Effi Briest, de Theodor Fontane • Tradução de Mário Frungillo • Posfácio de Gotthard Erler • 14 x 21 cm • 424 páginas • ISBN: 978-85-7448-222-4 • R$ 49,00

 


Escrita pelo mestre do realismo neorromântico alemão Theodor Fontane, Effi Briest é a história de um adultério pela perspectiva feminina, ambientada na segunda metade do século XIX. Assim, o livro forma uma espécie de trilogia europeia espontânea ao lado dos clássicos Anna Karenina e Madame Bovary. Considerada a obra máxima de Fontane, Effi Briest permanece extremamente popular até hoje.
A submissão às normas sociais na Brandemburgo da época faz a jovem Effi Briest sucumbir a um matrimônio indesejado. Seu marido, o barão Von Innstetten, tem o dobro de sua idade e é um burocrata mais preocupado em fazer carreira do que em agradar a sonhadora Effi, que idealiza o amor acalentado dos livros, bem diferente daquele que ela deveras nutre pelo marido. Longe da inocência, no entanto, ela não ignora que um homem como o barão possa lhe proporcionar uma vida de bonança e aparências.
Enquanto Effi deseja desfrutar dos prazeres mundanos e ascender socialmente, Von Innstetten persegue suas ambições políticas e leva Effi a viver na pequena cidade de Kessin, onde ela passa, sozinha, dias de avassaladora monotonia. A vida insossa no interior e o relacionamento frio com um esposo pouco amoroso aproximam Effi de certas tentações, personificadas, sobretudo, na figura de Crampas, um homem também casado e que ostenta uma reputação nada lisonjeira.
Theodor Fontane elabora aqui um retrato realista sobre a posição da mulher na sociedade, numa narrativa livre de maniqueísmos simplistas, o que leva o leitor ora a condenar as decisões da protagonista, ora a torcer com ardor por ela. Considerada a obra máxima de Theodor Fontane, Effi Briest compila as características mais caras ao autor, notadamente a habilidade na construção de atmosferas e diálogos privados, inseridos na devida ambientação social e política do pano de fundo. Acompanhamos, portanto, o drama pessoal da personagem, sem perder de vista aspectos como a corrupção generalizada que então dominava a Prússia.
Publicada originalmente entre outubro de 1894 e março de 1895 num periódico literário, a obra chegou a ser apontada por Thomas Mann como uma das novelas fundamentais da ficção mundial. Originalmente, saiu como folhetim no jornal Deutsche Rundschau, a partir de 1894; no ano seguinte, é lançado em formato livro, pelo qual alcança um sucesso instantâneo de público, com cinco reimpressões em um ano. A obra também já teve algumas adaptações para o cinema — a mais famosa delas foi dirigida por Rainer Werner Fassbinder, em 1974, com a luminosa atuação de Hanna Schygulla no papel-título.
A presente edição de Effi Briest conta com apoio de fomento à tradução oferecido pelo Instituto Goethe, em comemoração ao ano da Alemanha no Brasil. O evento tem motivado forte investimento da Estação Liberdade em traduções de língua alemã no país, das quais se incluem, entre outras, Reflexões do gato Murr, de E.T.A. Hoffmann, e Divã, de Johann Wolfgang von Goethe.

O AUTOR
Theodor Fontane, já chamado de “Émile Zola da Prússia”, nasceu em 1819, em Neuruppin, a noroeste de Berlim. De ascendência huguenote, ele torna-se farmacêutico aos 16 anos, seguindo os passos do pai, ao mesmo tempo em que produz seus primeiros poemas e textos políticos para o periódico anarquista Dresdner Zeitung. Abandona enfim a atividade farmacêutica em 1849 para dedicar-se exclusivamente à literatura e ao jornalismo. Vive alguns anos na Inglaterra, como correspondente de dois jornais prussianos. Seu primeiro livro, Männer und Helden (Homens e heróis), é lançado em 1850. A partir de 1862, produz a série de cinco livros Wanderungen durch die Mark Brundenburg (Caminhando por Brandemburgo), cujo esmero com o qual se debruça na descrição de castelos, monastérios e logradouros da província alemã em questão reafirma o gosto do autor pelo chamado realismo literário, no qual ele se consagraria. Prolífico, escreveu dezenas de novelas (uma, inclusive, publicada postumamente: Der Stechlin / 1899). Fontane falece em 1898, em Berlim.

TRECHOS
“Dizem que Crampas é um homem que já teve muitos relacionamentos, um conquistador, algo que sempre me parece ridículo e também nesse caso seria ridículo se ele não tivesse se batido em duelo com um camarada justamente por esse motivo. Seu braço esquerdo ficou destroçado bem abaixo do ombro, o que se percebe à primeira vista, embora, segundo Innstetten me contou, a operação tenha sido considerada uma obra‑prima da medicina.” [p.145]
“No mesmo dia, o barão Innstetten se tornou o noivo de Effi Briest. Durante o banquete de noivado, que veio a seguir, o jovial pai da noiva, um tanto deslocado em seu solene papel, ergueu um brinde ao novo casal, provocando uma viva comoção na senhora Von Briest, que devia estar pensando nos acontecimentos de quase dezoito anos antes. Mas não por muito tempo; não pudera ser ela, então em seu lugar seria a filha; o que, bem pesadas as coisas, era bom também, ou até melhor. (...) No final do almoço, quando o sorvete já fora servido, o velho conselheiro tomou da palavra mais uma vez para, numa segunda alocução, propor que todos abandonassem as formas de tratamento cerimoniosas. Dizendo isso, abraçou Innstetten e o beijou na bochecha esquerda.” [p.27]
“Conforme o prometido, Innstetten escrevia todo dia; mas o que tornava a chegada de suas cartas agradável era o fato de ele exigir como resposta apenas uma breve cartinha por semana. E ele a recebia, e o conteúdo deliciosamente insignificante sempre o encantava. Quem tratava dos assuntos sérios com o genro era a senhora Von Briest: decisões a respeito das núpcias, questões referentes ao enxoval, às finanças e à instalação do casal. Innstetten, ocupando o cargo havia já três anos, se não estava muito bem instalado em sua residência de Kessin, ao menos não destoava do que convinha à sua posição; e era aconselhável se fazer, através das cartas trocadas com ele, uma ideia de tudo o que havia na casa, a fim de evitar aquisições inúteis.” [p.31]
“Só o que havia de mais elegante lhe agradava, e se não podia ter o melhor, renunciava ao que vinha em segundo lugar, pois para ela esse segundo lugar nada mais significava. Sim, era capaz de renunciar, nisso a mãe tinha razão, e nessa capacidade de renúncia havia algo de modéstia; mas quando, excepcionalmente, se tratava de possuir algo, esse algo tinha de ser sempre especial. E nisso era exigente.” [p.33/34]

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Na nossa página no Facebook (literatura além das palavras),  há vários posts sobre o Barroco e A Guerra dos Trinta Anos. Estes temas estão lá pois a turma de literatura alemã IV está trabalhando com o livro „Der abenteuerliche Simplicissimus“ - "O aventuroso Simplicissimus", de Johann Jacob Christoffel von Grimmelshausen (1622-1676).

O livro está à venda nas livrarias, mas para quem quer lê-lo em alemão, uma boa dica é o site do Spiegel - Projekt Gutenberg, no qual estão disponibilizadas várias obras, entre elas „Der abenteuerliche Simplicissimus“.

Aqui está o link: http://projekt.gutenberg.de/buch/5248/1

Boa leitura!!!