Objetivos

Este blog faz parte do projeto de monitoria "Saber com sabor: o uso de recursos áudio-visuais e digitais no ensino de Literatura Alemã", coordenado pela Prof.ª Susana Kampff Lages, para as disciplinas da área de Literatura do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Letras - Português/Alemão da Universidade Federal Fluminense. O blog tem como objetivo principal ser uma ferramenta de apoio no processo de ensino/aprendizagem dessas disciplinas. Imagens fotográficas e de obras de arte, trechos de peças de música clássica ou popular, trechos de filmes, trechos de obras literárias ou de crítica, traduções e outros materiais pertinentes à cultura literária alemã e aos temas tratados em aula poderão ser postados por estudantes e professores. O blog tende a ser um lugar tanto de diálogo entre docentes e estudantes, quanto de ajuda mútua entre os próprios estudantes, que assim podem trocar experiências de leitura e estudo.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Estamos de mudança - Venha nos visitar em nossa nova casa!




Caros leitores,


Estamos funcionado em novo endereço com o mesmo conteúdo e qualidades de sempre. Sei que a maioria dos leitores, assim como eu mesma, é frequentadora do blog desde sua criação e já está bem acostumada a esse espaço fixo na plataforma blogspot. Porém nossa nova plataforma virtual oferece possibilidades mais atraentes, um layout mais intuitivo e mais espaço para interação entre os leitores - objetivo caro a esse projeto de monitoria.  Por todos esses motivos, confiamos que a mudança será para melhor. Por respeito a todos os leitores e aos outros monitores que já administraram o blog, realoquei todo o conteúdo presente aqui, lá no nosso novo espaço. Mesmo com a mudança, esse espaço com todas as suas postagens até agora continuará no ar, só não será mais atualizado. Apenas as novas postagens é que só aparecerão na nova plataforma. 
Esperamos que vocês todos continuem conosco nessa nova etapa que promete ser bem rica! Contamos com seu apoio e continuamos também com nossa página no Facebook. Confira no banner a seguir nosso novo endereço. 
E clique no link para acessar nossa nova página:



Bem, não deixe de nos visitar na nossa casa nova! 
Cordialmente, 
Heloiza Silva    



terça-feira, 2 de setembro de 2014

28 de agosto- Aniversário de 265º aniversário de Goethe

Ontem foi o 265o aniversário de nascimento de Goethe. Em sua homenagem, um trecho de Heine:

"A dama foi muito gentil em me incluir nessa discussão estética e me perguntou: "Doutor, o que o senhor acha de Goethe?". Eu, porém, cruzei meus braços sobre o peito, inclinei devotamente a cabeça e disse: 'La illah ill Allah, wa mohammed rasul Allah!' [Não há Deus além de Alá, e Maomé é o mensageiro de Alá]." (Die Nordsee, 1826) por Gabriel Alonso

Indicação de livro do Goethe em promoção e filmes baseados na obra


https://hedra.com.br/livros/os-sofrimentos-do-jovem-werther

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Die Begegnungen / Encontros


  Begegnungen/ Encontros
11, 12 e 13 Agosto
UFF- Gragoatá- Niterói- RJ
1º Encontro de Estudantes de Língua e Literatura Alemã da UFF

Este evento pretende ser a culminância de uma série de Encontros realizados entre os (com) professores e os alunos da UFF. Tendo por tema a ideia do encontro, o evento tem como mote a palavra de ordem:  Desengavete já! 

Ou seja queremos criar uma oportunidade para os alunos de Letras da UFF e de outras Universidades do estado do Rio de Janeiro e do Brasil interessados na língua e na literatura alemã mostrarem trabalhos que fizeram ao longo de sua formação e poderem discuti-los com colegas e professores. Assim, além de divulgar seus próprios trabalhos, ainda irão conhecer as pesquisas de outros colegas das demais universidades.

Para participar conosco do evento, será necessário encaminhar impreterivelmente até o dia 6 de julho de 2014 uma proposta para o endereço eletrônico monitoriaalemaouff@gmail.com. O padrão para o envio dos resumos segue abaixo. Inscreva-se também para a exposição de pôsteres (com a presença do proponente) e apresentação de trabalhos em outras mídias, como vídeos ou trabalhos em outros suportes, desde que ligados à língua, literatura ou cultura alemã.

Agenda dos eventos ligados ao Projeto

Julho: Encontro durante o Colóquio Internacional Intermediações Culturais Brasil-Alemanha (29 de julho de 2014), na sede do IPHAN em Paraty.

Agosto11, 12 e 13 de agosto “Begegnungen 1º Encontro de Estudantes de Língua e Literatura Alemã da UFF.

Não deixe de visitar a página do Projeto de Monitoria da UFF . Saber com Sabor, pois lá estará sempre a atualização da agenda dos Encontros, além de ser um espaço para valiosas trocas e discussões.http://saber-com-sabor.blogspot.com.br/
No Facebook estamos sob Literatura além das palavras.

Padrão para os resumos

- No campo “Assunto” do e-mail, deverá constar a modalidade de apresentação (proposição de simpósio, apresentação de trabalho em simpósio) seguido do nome de um dos(as) autores(as);

- O texto deverá ser em editado para extensão .doc, na seguinte formatação: papel A4; fonte Times New Roman 12; margens esquerda (3,0 cm), direita (2,0 cm), superior (3,0 cm) e inferior (2,0 cm); título e subtítulos em maiúsculas, centralizados, em negrito, sem ponto final; corpo do texto sem parágrafos, em espaço simples; alinhamento justificado;

- Na segunda linha após o título, deve-se colocar o nome completo do autor à direita. Na linha seguinte, entre parênteses, informar se é docente (D), graduando (G), pós-graduando (PG) ou professor PDE (PDE), além da sigla ou nome da instituição;

- Na próxima linha, informar o nome completo do professor orientador, quando for o caso.

- O texto terá início na segunda linha após o nome do autor,  sem entrada de parágrafo.
- Tamanho do resumo: até 150-200 palavras.
-Colocar até 4 palavras-chave

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Heine por Gabriel Alonso

        Divulgação de trabalhos de estudantes de Letras - Alemão da UFF


  Para quem gosta de Heinrich Heine, aqui está uma excelente tradução de um poema.
Boa leitura!




Tradução de um poema de Heine – comentário e análise
por Gabriel Alonso



                                                     Meinen schönsten Liebesantrag
                                                    Suchst du ängstlich zu verneinen;
                                                    Frag’ ich dann: ob das ein Korb sey?
                                                   Fängst du plötzlich an zu weinen.

                                                   Selten bet’ ich, drum erhör’ mich,
                                                  Lieber Gott! Hilf dieser Dirne,
                                                  Trockne ihre süßen Thränen
                                                 Und erleuchte ihr Gehirne.

                                                 Tu procuras me negar
                                                 meu pedido, lido a cor.
                                                 E começas a chorar,
                                                “É um toco?” digo eu só.
 
                                                Nunca rezo, então me escuta,
                                                ó Senhor! ajuda a moça.
                                                Ao seu cérebro dá cura,
                                                seca as lágrimas, a poça.

Neue Gedichte, Verschiedene, Clarisse, 1. Trata-se de um poema sentimental-irônico de Heine. A temática básica é a da negação de uma proposta de casamento, à qual o poeta dá um tratamento irônico, como que, ao mesmo tempo, questionando a seriedade do sentimento. A rima de Dirne com Gehirne e a atitude zombeteira frente a Deus são os dois pontos fortes da ironia e servirão de pontapé para a análise.
Dirne poderia ser bem traduzido por rapariga, no duplo sentido de moça/ adolescente do sexo feminino (as duas primeiras entradas no Aurélio) e concubina/ meretriz (as duas últimas entradas no mesmo dicionário). O DWB (Deutsches Wörterbuch) dos Grimm dá, como primeira entrada, virgem, moça (na Idade Média, inclusive, um nome para Nossa Senhora) e, como última, prostituta, meretriz, sentido que é o único sobrevivente hoje. A rima com um objeto tão pouco amoroso como Gehirne (cérebro), ainda mais como última palavra do poema, acaba por quebrar essa aura positiva. Não custa lembrar que a estrutura simétrica trockne/ erleuchte (seca!/ ilumina!; na trad. seca/ dá cura) – süßen Thränen/ Gehirne (doces lágrimas/ cérebro; na trad. lágrimas/ cérebro) em
                Trockne ihre süßen Tränen
                Und erleuchte ihr Gehirne.”
reforça ainda mais o contraste entre delicadeza espiritual (também erleuchten tem forte conotação religiosa) e materialidade crua, quase científica.
A atitude de se aproveitar de bondade de Deus, usando como justificativa o fato de nunca rezar – a partícula d’rum (traduzida por então) dá essa conotação de “causa/ conclusão” –, é, entretanto, o primeiro indício da ironia no texto. Esse posicionamento cético é tipicamente heineano. Vide, por exemplo, o poema 35 da Heimkehr, no Buch der Lieder, ou as Schöpfungslieder, no mesmo Neue Gedichte, canções de profunda implicação poetológica. O tom popularesco das apócopes e de uma síncope (bet’ por bete, d’rum por darum e erhör por erhöre), além disso, contrastam com o tom elevado do mais bonito pedido de amor (meinen schönsten Liebesantrag), aqui traduzido por lido a cor.[1]
Sobre a tradução, por sinal, procurei dar relevo aos aspectos sonoros e ao efeito geral do poema. Se o texto-fonte foi composto em tetrâmetros trocaicos (– . – . – . – .), utilizei-me da redondilha maior, também de tom popularesco[2], com acentos também regulares (3–7). Trata-se de um aspecto importante, já que essa simplicidade de tom espelha a atmosfera sentimental, e que, no contraste com a reação do eu lírico, confere mais intensidade à ironia. As rimas no esquema ABCB foram transformadas em consoantes ABAB – com dois pequenos deslizes toantes: cor/ e escuta/ cura – porque, no português, possuem mais sonoridade do que teria o equivalente alemão. Deve-se lembrar que a força dos acentos nas línguas germânicas – que justifica a contagem métrica dita acentual, frente à silábica nas línguas latinas – já por si faz prescindir, em parte, da rima, por conta da musicalidade cadente.
Com relação a decisões pontuais de tradução, a mais marcante é, com certeza, “é um toco?”. Essa foi uma maneira sincrônica, atual – e desviante – de traduzir a expressão secular einen Korb geben/ bekommen (literalmente, dar/ receber uma cesta), que quer dizer rejeitar um pedido amoroso ou de casamento.[3] Minha opção procurou rejuvenescer o texto heineano. Cito Berman (2002: 122): “Arrancado de seu solo, o poema corre o risco de perder seu frescor. Mas o tradutor o coloca na taça da fresca de sua própria língua e ele floresce de novo, como se ainda estivesse sobre o solo materno”. Se se traduz por sobre o Tempo para um determinado tempo, tal escolha se justifica por si própria. Ela possui, entretanto, outras razões teóricas e práticas.
A primeira, com Venuti (1995), que defende a tradução como estrangeirização, como “pressão etnodesviante” (VENUTI, 1995: 20; trad. minha) nos valores (e na língua!) da cultura receptora. É na marca, na cicatriz – para usar a metáfora cirúrgica de Britto (2012: 38) – que se mostra a presença tradutória, a intervenção textual, os percursos da “grande viagem” interlinguística.
A razão prática, por sua vez, está em Vallias (2011: 33), que traduziu 120 poemas heineanos “almejando um tom coloquial com pátina – porém sem poeira ou teia de aranha”. Seus textos dão a lume, no tempo de hoje, um Heine palhaço, bobalhão, altamente moderno, um Heine que faz jus à sua própria poética e usa a fantasia[4] como bobo da corte (“Als Hofnarr [diene dir] meine Phantasie”, Die Nordsee, 1er Zyklus, 1 – Krönung).
Com a mesma visada etnodesviante – e também por efeitos métricos –, justifico o uso de lido a cor por lido de cor. Aí se revela a língua-outra, forçando a estrutura interna da língua-própria. Com relação a essa construção, o “desvio” de sentido não é total, na medida em que o tom de importância pomposa reforça a ironia. Além do mais, o fato de se ler o pedido pode evocar outros sentidos – mais modernos – de Antrag: requerimento, formulário, petição. E – não custa lembrar – toda leitura, mesmo a do “original”, faz-se no tempo (presente).
Por fim, as inversões finais – cérebro no penúltimo verso, poça depois de lágrimas –, como também a do quarto verso (digo eu só por logo que digo) foram constrições do sistema rítmico/ rímico. Se enfraquecem a ironia final, esta vê-se, entretanto, compensada em outros pontos. O resultado final, acreditamos, não é de todo ruim. Mas se trata – obviamente – de um work in progress, cuja tendência é, para jogar com uma phrase de nossos dias, agregar valor (semântico, histórico, etc.).

Gabriel Alonso é estudante de Letras–Português/ Alemão na Universidade Federal Fluminense (UFF). Durante dois anos, desenvolveu pesquisa, com financiamento da UFF, sobre as traduções de Heinrich Heine no Brasil, sob a orientação da profa. Susana K. Lages. O texto aqui redigido resulta de um trabalho experimental de tradução.

Bibliografia:
Em livros:
BARRENTO, João. O Poço de Babel: para um poética da tradução literária. Lisboa: Relógio d’Água, 2002.
BERMAN, Antoine. A prova do estrangeiro: cultura e tradução na Alemanha romãntica. Trad. Maria Emília Pereira Chanut. Bauru: EDUSC, 2002.
BRITTO, Paulo Henriques. A tradução literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.
CAMPOS, Haroldo de. Transluciferação mefistofáustica. In: ______________. Deus e o Diabo no Fausto de Goethe. São Paulo: Perspectiva, 1981, pp. 178-209.
VALLIAS, André. Heine, hein?: poeta dos contrários. São Paulo: Perspectiva/ Goethe-Institut, 2011.
VENUTI, Lawrence. The Translator’s Invisibility: A History of Translation. London/ New York: Routledge, 1995.
Em sites:
DWB. Disponível em: http://woerterbuchnetz.de/DWB (acesso em 20/11/2013).
HEINE, Heinrich. Neue Gedichte. Düsseldorfer Heine Ausgabe. Hamburg: Hoffmann und Campe, 1983.


[1] Sobre erhören, o DWB dá: 1) perceber com o ouvido, audire e 2) preces admittere, exorari, i.e. com o sentido – que é o atual – de atender a um pedido (Bitte, relacionado etimologicamente a beten). É o imperativo usado na liturgia e na Bíblia para pedir a Deus: Wir bitten dich, erhöre uns! (Nós vos pedimos, atendei a nossa prece!). Nossa escolha baseou-se na rima.
[2] V. Barrento (2002: 42): “quatro versos originais com quatro pés trocaicos cada (um pé métrico mais vivo do que o jambo, mais habitual na poesia de raiz popular)”.
[3] Reler o passado em modo sincrônico: “de certo modo, isso é inevitável, pois se a tradução é uma leitura da tradição, só aquela ingênua e não crítica – que se confine ao museológico [...] recusar-se-á ao ‘salto tigrino’ (W. Benjamin) do sincrônico sobre o diacrônico” (CAMPOS, 1981: 188).
[4] DWB, 1a: die schöpferische, besonders dichterische einbildungskraft – a imaginação criadora, especialmente poética.